Historicamente, os quilombos eram espaços de liberdade e resistência onde viviam negros que se recusavam ao trabalho escravo imposto pelos europeus colonizadores. Isso ocorreu, no Brasil, por quase quatrocentos anos – entre o século XVI ao final do século XIX.  A formação desses quilombos ocorreu das diversas formas, desde fuga, luta armada até apropriações de fazendas abandonadas. Em 1988, 100 anos após a abolição legal da escravização de pessoas negras no Brasil, surge o artigo 68 da ADCT presente na Constituição Federal do Brasil, esse dispositivo obrigou o estado a cumprir o direito que os quilombolas tinham sob as suas terras, ou seja, o estado do Brasil é obrigado, atualmente, a emitir títulos das terras aos quilombolas que as ocupavam historicamente.

Hoje, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE (2022), existem 494 territórios quilombolas oficialmente delimitados, presentes em 24 estados e no Distrito Federal, enquanto na mesorregião Sul da Bahia, segundo os dados levantados pelo coordenador dessa coletânea, comporta cerca de 77 a 87 comunidades quilombolas certificada ou titulada nos 68 Municípios que constitui a mesorregião Sul da Bahia, foco da presente coletânea. Portanto, coletar e divulgar partes dessa história além de ilustrar a luta desse povo, também é um banco de dados que poderá ser útil juridicamente, historicamente e academicamente.