• Museu Indígena Pataxó de Coroa Vermelha é reinaugurado

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25 de janeiro de 2024 by 

No dia 20/01/2024, o Museu Indígena Pataxó da Aldeia Coroa Vermelha foi reinaugurado com a
exposição temporária intitulada “Ãbakohay ūg kahab: memória e viver Pataxó”. A presente
exposição é fruto de um projeto coletivo em torno da reconstrução do Museu Indígena Coroa
Vermelha que fechou suas portas em 2018.
Não é possível entender a reabertura do Museu Indígena Pataxó de Coroa Vermelha, se não o
situamos num contexto mais amplo. Sua construção fez parte de um projeto patrimonial maior. A
partir de meados dos anos 1990, a região foi palco de uma série de investimentos realizados em
parceria entre o setor privado e os governos federal e estadual. Esses investimentos buscavam
impulsionar o turismo de massa numa região de praias lindíssimas, ao reconstruir cenas do
“Descobrimento” no espaço público (construção de monumentos, nomeação de ruas, hotéis etc.).
Em 2000 celebrou-se, por fim, os chamados quinhentos anos do “Descobrimento” do Brasil. Devido
à pressa na sua construção e à falta de planejamento a médio e longo prazo, após a celebração do
evento, o museu foi progressivamente abandonado pelas autoridades responsáveis. A única exceção
foi a própria comunidade que o manteve funcionando até 2018. Nesta data, decidiram fechar o
museu para visitação turística, já que não havia mais condições para manter o edifício e as peças do
acervo. Devido ao apelo afetivo do museu, a comunidade vem buscando retomar o museu a partir
de novas bases.
Desde o final de 2021, a UFSB vem participando ativamente deste processo através do projeto de
extensão Construção do Museu Indígena Pataxó de Coroa Vermelha (PJ008-2022) coordenado pelo
professor Pablo Antunha Barbosa (CFCHS), pela professor Ângela Maria Garcia (IHAC) e pelo
museólogo Julio Cézar Chaves. A presente exposição temporária é o resultado desse trabalho
coletivo em parceria direta com a Associação dos Comerciantes do Parque Indígena da Aldeia de
Coroa Vermelha. Para montar a exposição temporária, formou-se uma equipe curatorial composta
por Arissana Pataxó e Oiti Pataxó grandes artistas contemporâneos do povo Pataxó. Essa equipe
buscou interrogar algumas questões que serviram de fio condutor para a narrativa da exposição.
Como os Pataxó do Sul da Bahia elaboram as auto narrativas sobre si mesmo e sua história? A
cronologia histórica pataxó coincide com a cronologia histórica nacional? Quais eventos, lugares e
artefatos são marcantes em sua trajetória? Que personagens humanos e não humanos devem ser
lembrados? Enfim, qual a importância desses discursos de autoria indígena no âmbito de suas lutas
políticas para retomar seus territórios e sua cultura, visando o fortalecimento de sua identidade?
Que lições tirar de tudo isso? São essas algumas perguntas que guiaram esta exposição que está
marcando a reabertura do Museu Indígena Pataxó de Coroa Vermelha.
Convidamos a comunidade acadêmica que visite esse novo “lugar de memória” do nosso território,
que inscreve memórias alternativas à da do “Descobrimento do Brasil”, narrativa hegemônica que,
em um único gesto, elevou os colonizadores portugueses ao papel de protagonistas do nascimento
do Brasil ao mesmo tempo em que invisibilizou várias outras memórias da região, como as memórias
dos povos indígenas, afro e outras populações tradicionais presentes na região Sul e Extremo Sul da
Bahia.

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