Item
Comunicação, saberes e sabores: estratégias de sobrevivência e práticas de bem viver na Aldeia Cinta Vermelha-jundiba
Coleções e subcoleções temáticas
História indígena e do indigenismo no Sul e Extremo Sul da Bahia > Territórios da retomada Pataxó
Espécie e tipo de documento textual
Trabalho acadêmico
Autoria
Título
Comunicação, saberes e sabores: estratégias de sobrevivência e práticas de bem viver na Aldeia Cinta Vermelha-jundiba
Local de produção
Data
2018
Período ou ano do documento
Século 21 > Década 2010 > 2018
Instituição produtora e/ou órgão responsável
Tipo de trabalho acadêmico
Localidade(s) referida(s) no documento
Minas Gerais > Araçuaí > Vale do Jequitinhonha > Terra Indígena Cinta Vermelha de Jundiba
Palavras-chave
Aldeia Cinta Vermelha | Bem Viver | Comunicação Comunitária | educação > Educação Escolar Indígena | Educomunicação | Jundiba
Resumo
Esta tese tem como foco o projeto educacional desenvolvido pelos Pankararu e Pataxó da aldeia Cinta Vermelha-Jundiba, localizada no Vale do Jequitinhonha, Araçuaí, Minas Gerais. Em 2005, cinco famílias indígenas, que antes residiam nas aldeias Apukaré e Fazenda Guarani, decidiram comprar 68 hectares de terra, para dar início a uma nova comunidade e um novo projeto de vida. A ideia inicial foi criar um território baseado na permacultura e agroecologia. Atualmente, o conceito do bem viver, como elemento unificador das práticas comunitárias, foi incorporado às suas táticas de sobrevivência. Esta pesquisa objetivou compreender o processo da comunidade de (re)construir saberes ancestrais e articular estratégias de sobrevivência e diálogo com a sociedade nacional, a partir dos domínios educacionais, comunicacionais e do bem viver. Metodologicamente, este estudo de caso foi conduzido pelo vídeo participativo, que prioriza dados qualitativos e procura dar voz aos membros da comunidade estudada, respeitando seu ponto de vista. A construção e análise dos dados deu-se através da observação participante, entrevistas abertas, consulta ao arquivo de documentos e imagens da aldeia, assim como publicações oficiais e acadêmicas referentes à educação indígena, comunicação, epistemologias ambientais do Sul, bem viver, cultura, fronteiras étnicas e relações de gênero. No decorrer dos encontros na aldeia e em outros espaços, foram produzidas 600 fotografias e 120 horas de entrevistas filmadas, material primário de ilustração da Tese, e dois documentários. Entre os protagonistas desta história, encontram-se o cacique, o pajé, pelo menos um membro de cada uma das cinco famílias, dois professores da escola, duas estudantes que receberam educação em agroecologia e permacultura, a coordenadora do projeto Casa da Cura, Saúde e Harmonia e a cacica da Apukaré, matriarca dos Pankararu da aldeia. Os resultados informam que, no contexto atual, marcado por pressões políticas, sociais e ambientais, violações aos direitos humanos e, via de regra, pela depreciação dos saberes das populações indígenas, a comunidade está construindo, no novo território, um processo educacional singular baseado no seu calendário agrário, nos saberes e sabores dos mais velhos e nos conhecimentos do mundo moderno. Constatei que, entre as etapas de plantio das sementes, manejo, colheita, preparo dos alimentos e realização de projetos sociais com o apoio de uma ampla rede de sociabilidades, seus indivíduos ensinam e aprendem via: narrativas orais, demonstração, observação, imitação, alianças e sonhos. A partir do território e de todas as tensões e dissensões que enfrenta para manter seu mínimo vital e social, a comunidade elabora um dizer de si, visando quebrar os discursos hegemônicos. Através de processos educomunicativos, postula reivindicações, tais como: demarcação das terras, mitigação dos impactos ambientais, segurança alimentar e nutricional, soberania, educação e saúde. Assim, a formulação das políticas públicas nesses campos deve partir da escuta sistemática e dialógica com os povos indígenas, para buscar responder a aspectos relativos à sobrevivência física e simbólica dos 305 grupos étnicos do Brasil.