Educação para estudantes com necessidades especiais na aldeia pataxó de Barra Velha (Bahia)

Resumo

Este trabalho trata da discussão dos alunos que apresentam necessidades especiais no contexto da educação intercultural e da educação escolar indígena. Trata-se de um percurso acadêmico que discute um estudo de caso de um jovem surdo do povo indígena Pataxó de Barra Velha, aldeia localizada no extremo sul da Bahia, na região de Porto Seguro. O objetivo dessa pesquisa é entender como alunos com necessidades educacionais especiais conseguem aprender os conhecimentos tradicionais do seu povo, os saberes e os fazeres que circulam no território, bem como os conhecimentos escolares. Os dados que embasam este trabalho foram coletados por meio de observação de um jovem surdo em diferentes atividades na comunidade, e por meio de notas de campo realizadas durante as aulas na escola. Também foram realizadas entrevistas com os professores que atuam na escola que já tiveram experiência com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais e com um missionário que desenvolveu o primeiro trabalho de educação com indígenas pataxó surdos no sul da Bahia. Os resultados constataram que a Educação Especial Indígena é um assunto novo para o povo Pataxó, mas, como outros temas, percebe-se que, no caso estudado, há uma forte relação do sujeito com o território. O fato do jovem Xohã, nome fictício que significa “jovem guerreiro” na língua pataxó patxohã, ter liberdade para vivenciar o território possibilitou a ele estabelecer vínculos com o mesmo, pois ele pode conhecer, participar, circular, ter domínio do seu território, construindo sua identidade como pataxó de Barra Velha. O trabalho mostra o desafio do aluno indígena com necessidade educacional especial se engajar na educação formal, e ser reconhecido no Atendimento Educacional Especializado (AEE). Por fim, esse estudo permitiu constatar que a tecnologia pode favorecer a aprendizagem do jovem surdo por meio da utilização de programas educativos voltados para pessoas surdas e que podem beneficiar, também, a aprendizagem da língua de sinais para ouvintes.